Alimentação da criança
O homem é o único mamífero em que o desmame
(definido como cessação do aleitamento materno), não é determinado somente por
fatores genéticos e pelo instinto. Hoje, ao contrário do que ocorreu ao longo
da evolução da espécie humana, a mulher opta (ou não) pela amamentação e decide
por quanto tempo ela vai (ou pode) amamentar.
O desmame não é um evento,
e sim um processo que faz parte da evolução da mulher como mãe e do
desenvolvimento da criança, e deve ocorrer naturalmente, na medida em que a
criança vai adquirindo competências para tal.
No desmame natural a
criança se autodesmama, o que pode ocorrer em diferentes idades, em média entre
dois e quatro anos e raramente antes de um ano. Costuma ser gradual, mas às
vezes pode ser súbito, como, por exemplo, em uma nova gravidez da mãe (a
criança pode estranhar o gosto do leite, que se altera, e o volume, que
diminui).
A mãe participa ativamente
no processo, sugerindo passos quando a criança estiver pronta para aceitá-los e
impondo limites adequados à idade. Os sinais indicativos de que a criança está
madura para o desmame são:
ü Idade maior de um ano;
ü Menos interesse nas
mamadas;
ü Aceita variedade de outros
alimentos;
ü É segura na sua relação com
a mãe;
ü Aceita outras formas de consolo;
ü Aceita não ser amamentadas
em certas ocasiões e locais;
ü Às vezes dorme sem mamar no
peito;
ü Mostra pouca ansiedade
quando encorajada a não amamentar;
ü Às vezes prefere brincar ou
fazer outra atividade com a mãe em vez de mamar.
O desmame natural proporciona
uma transição mais tranqüila, menos estressante para a mãe e para a criança
(fisiológica, imunológica e psicológica), até ela estar madura para tal e,
teoricamente, fortalece a relação mãe-filho.
O desmame abrupto deve ser
desencorajado, pois se a criança não está pronta, ela pode se sentir rejeitado
pela mãe, gerando insegurança e, muitas vezes rebeldia. Na mãe, o desmame
abrupto pode precipitar ingurgitamento mamário, estase do leite e mastite, além
de tristeza e depressão.
Quando o profissional de
saúde se depara com a situação de a mulher querer ou tiver que desmamar antes
de a criança estar pronta, é importante, em primeiro lugar, que ele respeite o
desejo da mãe e apóie esse processo. Entre os fatores que facilitam o processo
de desmame, encontram-se os seguintes:
·
Mãe estar segura de que quer (ou deve) desmamar;
·
Entendimento da mãe de que o processo pode ser lento e demandar energia,
tanto maior quanto menos pronta estiver a criança;
·
Flexibilidade, pois o curso do processo é imprevisível;
·
Paciência (dar tempo à criança) e compreensão;
·
Suporte e atenção adicionais à criança, devendo a mãe evitar se afastar
nesse período;
·
Ausência de outras mudanças, ocorrendo por exemplo, controle dos esfincters,
separações, mudanças de residências, entre outras;
·
Sempre que possível, fazer o desmame gradual, retirando uma mamada do
dia a cada uma a duas semanas.
Concluindo, cabe a cada
dupla mãe/bebê e sua família a decisão de manter a amamentação, até que a
criança abandone espontaneamente, ou interrompê-la em um determinado momento.
Muitos são os fatores envolvidos nessa decisão: circunstanciais, sociais,
econômicos e culturais. Cabe ao profissional de saúde ouvir a mãe e ajudá-la a
tomar uma decisão, pesando os prós e os contras.
Saúde da Criança-Nutrição Infantil: Aleitamento Materno e Alimentação Complementar/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica – Brasília, 2009.
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