PRINCÍPIO FUNDAMENTAL
Para construirmos um mundo menos violento, mais amoroso,
mais digno, respeitável e justo temos que começar com o nascimento.
Acreditamos na capacidade de parir
que cada mulher carrega. Acreditamos na perfeição da natureza e nos milhares de
anos de preparo para os mecanismos intrincados do nascimento.
Sabemos da importância da tecnologia
para salvar a vida de pessoas que estão em risco. Por outro lado, entendemos
que a intervenção num processo natural só pode se justificar diante de
critérios muito claros. Intervir no nascimento para encurtar tempo ou por
interesses econômicos quaisquer são erros graves que devem ser evitados.
Atitudes como essas, que retiram da mulher o protagonismo do parto, não podem
ser toleradas em uma sociedade que se deseja justa e fraterna.
O desempoderamento da mulher no
nascimento de seus filhos tem repercussões na sociedade como um todo, pois será
ela a principal guardiã dos seus valores, e quem vai lhes ensinar as primeiras
ideias. O parto é um momento pleno de afeto e sexualidade e a intervenção
desmedida pode ter efeitos devastadores - físicos e psicológicos - para a mãe e
seu bebê. Além disso, "se quisermos
verdadeiramente mudar a humanidade temos que mudar a forma como nascemos",
como já nos dizia Michel Odent.
Para construirmos um mundo menos
violento, mais amoroso, mais digno, respeitável e justo temos que começar com o
nascimento, para que todos possam chegar a esse mundo envolto numa aura de carinho
e amor.
DOULAS
Elas dão suporte em várias dimensões às mulheres grávidas
nos momentos do parto.
Doulas são profissionais que
acompanham as grávidas durante o processo de nascimento.
Elas
se aperfeiçoam em oferecer suporte afetivo, emocional e físico para as grávidas
durante o parto. Elas não realizam qualquer atividade de ordem médica ou de
enfermagem. Seu foco de atenção é somente a mulher e seu conforto. Não
verificam pressão arterial, não auscultam batimentos cardíacos fetais, não
fazem exames para ver o progresso de dilatação e não oferecem medicações de
qualquer ordem.
Ao lado de tantos achados positivos
relacionados ao parto, também encontramos uma incidência aumentada de mulheres
que continuam amamentando além de seis semanas após o nascimento de seu bebê.
Doulas não produzem trabalho redundante, não competem com médicos ou
enfermeiras pelo trabalho com as grávidas e, inclusive, deixam os profissionais
mais à vontade para suas tarefas específicas. "Na ausência de qualquer
risco associado, e com as evidências claras das melhorias associadas com sua
atuação, para toda a mulher deveria ser oferecida a oportunidade de ter uma
doula a lhe acompanhar durante o parto."
Elas são referendadas pela OMS,
através do livro "Assistência ao Parto Normal - Um Guia Prático",
assim como pelo Ministério da Saúde do Brasil desde a publicação do livro
"Parto, Aborto e Puerpério - Assistência Humanizada à Mulher", e sua
atuação é baseada em evidências atualizadas e consistentes, como pode ser visto
no livro "Guia para Atenção Efetiva na Gravidez e no Parto - Enkin e
Cols" da biblioteca Cochrane, e nos inúmeros trabalhos realizados (Klauss
& Kennell - Mothering the Mother).
Ricardo Herbert Jones
é ginecologista, obstetra e homeopata.
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